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PSICOLOGIA DAS EMOÇÕES PARTE II

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09/01/2018 - Artigos

PSICOLOGIA DAS EMOÇÕES PARTE II

PSICOLOGIA DAS EMOÇÕES PARTE II

Em nosso último artigo, Psicologia das Emoções – Parte I, definimos o que são emoções, como elas são importantes para a sobrevivência, adaptação dos seres humanos, que algumas emoções ocorrem também nos animais, e que elas podem causar reações físicas, psicológicas e comportamentais.  Aprendemos também a fazer a importante distinção entre emoções (reações psicofisiológicas intensas e passageiras em resposta a um acontecimento) e sentimentos (reação interna, auto percepção, julgamento e conscientização de uma emoção e do organismo, são reações mais duradouras e únicas dos seres humanos).   

As emoções sempre foram tema Central para a Psicologia. Para esta ciência o ser humano traz desde o nascimento algumas emoções básicas como, por exemplo, o medo. Com importante função em nossas vidas, seja para adaptação, sobrevivência e a evolução da espécie humana ao longo dos tempos. Mas antes mesmo do surgimento da Psicologia como ciência, a preocupação em entender as emoções e seus efeitos no homem já estava presente em muitas teorias dos filósofos antigos da Grécia, entre outros estudiosos do ser humano.  

Nos tempos atuais, com as grandes concentrações da população, surgimento de diversas atividades humanas relacionadas às habilidades sociais, o lidar com as emoções detém papel decisivo no sucesso das relações interpessoais, sociais e laborais.  Existem também muitos estudos e achados científicos sobre a influência das emoções em nosso sistema imunológico, afetando diretamente nossa saúde, bem-estar físico e psicológico.  Não é por acaso que alguns livros sobre o assunto viraram “best sellers”, como, por exemplo, o livro “Inteligência Emocional” de Daniel Goleman. Outro teórico importante na área é Henri Wallon com sua teoria das emoções, a influência delas já no comportamento dos bebês e as suas relações com o processo de aprendizagem.

Mas quais são as emoções básicas dos seres humanos? 

As quatro emoções básicas 

Não há um consenso entre os pesquisadores e estudiosos do comportamento humano sobre quais são as principais emoções do ser humano. Existem diversos estudos e teorias a respeito. Mas até pouco tempo atrás predominava o entendimento de seis emoções básicas, porém estudos recentes indicam a existência de quatro emoções básicas, comum a todos os seres humanos, independentemente de sua origem, cor, raça, credo, país e religião. São elas:

Medo/surpresa, Felicidade, Tristeza e  raiva/nojo. 

O MEDO

É considerado uma das emoções adaptativas, assim como a raiva e a tristeza. Sua principal função é advertir a presença de um perigo (uma ameaça) para que nosso organismo se prepare para lutar ou fugir, sendo uma vantagem evolutiva e de sobrevivência, segundo as teorias da psicologia evolutiva.

O medo objetiva colocar o organismo de volta em segurança. Existe uma relação entre a emoção medo e o sentimento ansiedade, pois ambos são respostas ao perigo. Mas o medo estaria ligado a uma situação ou objeto específico, real ou não, que apresenta algum perigo. Já a ansiedade seria uma reação mais vaga e difusa em relação a algo do presente ou futuro que pode indicar um perigo, sendo relacionada a um estado emocional aversivo.  

O interessante é que muitas situações do mundo atual que causam medo ou ansiedade não podem ter como resposta adaptativa a nossa “programação” biológica de luta ou fuga. 

Imagine, por exemplo, o trabalhador que é chamado pelo seu supervisor para conversar sobre um trabalho realizado de forma errada. Com certeza ele estará ansioso e, em alguns casos, até com medo de receber a “bronca”. Mas lutar ou fugir nesta situação não será adequado, pelo contrário, poderá piorar ainda mais a situação. Contudo, sem perceber, o corpo do trabalhador o está preparando para isso.  E estas reações orgânicas automáticas, como taquicardia, aceleração da respiração, sudorese excessiva, entre outras, influenciará o estado psicológico do trabalhador, causando-lhe, por exemplo, insegurança, agressividade, irritabilidade, excitabilidade, expansividade do humor, timidez. Assim, a atitude do trabalhador frente ao perigo, conversar com seu supervisor, poderá ser afetada drasticamente pelas suas emoções e a programação biológica de lutar/fugir, não raras vezes, provocando um comportamento mal adaptativo à situação, o que poderá gerar um problema ainda maior para o trabalhador.

Olha a importância de conhecer bem nosso organismo, emoções e nossas reações físicas e psicológicas! 

Você já percebeu quantas situações/fatos do nosso cotidiano podem nos provocar reações de medo e ansiedade? Estas situações podem serem diversas, como: aquelas que imprimem algum risco à nossa integridade física, como um cachorro feroz solto na rua, uma pessoa com atitude suspeita vindo em nossa direção numa noite escura em uma rua mal iluminada; situações que nos trazem algum tipo de risco ou dano psicológico, como ser criticado por alguém importante para nós e abalar nossa autoestima, estar diante de uma situação de exposição pública para quem tem dificuldades em falar em público, entre tantas outras. 

Como normalmente você reage quando está com medo ou ansioso?

Você sabia que as expressões emocionais do medo são praticamente iguais em todo o mundo? 

As principais expressões emocionais são a expressão vocal, a gesticulação e as expressões faciais.  Assim, uma das formas que utilizamos para identificar uma reação emocional de alguém é observar suas expressões emocionais. 

Entre as expressões emocionais do medo, citamos: Expressão Facial – abertura das pálpebras superiores e tensão das pálpebras inferiores, abertura da mandíbula, levantamento das sobrancelhas; Expressão vocal normalmente com tons altos e ritmo mais acelerado.

O tema expressões emocionais é um ponto chave de uma série da televisão americana de sucesso “Lie to me” que também é transmitida aqui no Brasil. 

Entender quando e como reagimos ao sentir medo e ansiedade é importante.  Pois, podemos compreender melhor as situações que nos causam desconforto psicológico e como elas afetam nossa cognição e comportamento. O que pode favorecer adoção de atitudes mais assertivas e equilibradas em situações futuras, seja no trabalho, nos relacionamentos interpessoais, na escola e/ou com nossos familiares. 

Em nosso próximo artigo, aprenderemos um pouco sobre as emoções básicas felicidade (alegria), tristeza e raiva/nojo.

Manoel Vieira de Carvalho Alencar 
Psicólogo - especialista em Psicologia Clínica 
CRP15/2121